quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

O Tango


Troam os passos,
numa treva...
Dança a rossa detráz,
junto no passo trocado.
Devagar sem pousar,
No tango onde me repouso e...
Ouso querer repousar...
Palpitante ,
Carnal,
O tango afaga
O tango brada
O tango uiva, flanco!...
Nele consiste e existe uma altidez,
Sentidos e desejos vãos...
Rumor que ecoa no fintar do braço,
Dentro do abraço...
Desejos claros!... Na solidão dos brados...
São um braseiro os pensamentos,
Que no tango ardem por inteiro ao rés dos passos...

* foto retirada da net

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Esvaia



Fúlgida,
Fausta,
minha franca flor...
Repleta de sol,
Cheira a amor...

O fogo que dela floresce,
Nela, tua rocha se acende

Aquele, que de nós mais compreende,
menos obedece...

* foto retirada da net

Introspecção



Em cada desejo;
- Uma montanha de espanto!

Em cada ânsia minha;
- Um fero receio!

Em cada brado meu;
- O silêncio onde me lanço!

Em cada riso;
- A minha nudez!

Em cada transformação;
- Chamo por mim, a procura pra onde vou...

Em cada eco acende;
- A descoberta da mulher que sou...


Em cada silêncio a voz perdida;
- A surdez da minha mente pervertida...

No desespero da paixão eu me gasto,
- Que importa se me ergo ou me arrasto?

* foto retirada da net

Confessa-me Uma Orgia



Orgia,
da cútis a queimar,
De seios e ostra, ao ar...
Na noite ardente, vaginal!
Voga louca, a fenda ogival...
Dominio!
Espraio!
Duro, talo...
Lento, falo...
Confessa...
Confessa-me , uma orgia
Entrou-me (um pénis queria)...
Confessa-me essa tua raça,
Na vírgula da tua ereção!...
Boca com boca, na sucção
Gesto obsceno,
O fruto aberto
Poeta,
Relincho, no veio secreto...
Confessa-te!...
Às minhas pernas,
de meias pretas,
Equador,
no meio das duas gavetas...
Nua e amarela,
pinga pelos canais,
Afundas penadas ogivais,
Confessa...
A tua lingua...
Em mim... proxeneta!
Na oratória, trombeta ...

* foto retirada da net

Elegia Recolhida



Agitação...
esquecer da agitação
Necessidade insatisfeita?

A luta,
no canal se deita
Numa sesta vertical,
Acre fúria, na horizontal...
Relanceio... (na rota sorvida)
Pastosa, no lamber fundida...

Arde-me o olhar,
do que no teu brilha...
Ri-me na boca,
O riso,
que enche a virilha!

Prazer que apazigua
penhor de uma explosão
Ardencia nua!...
Abjecto determinação...

Beijo-te...
o fruto transporta...
Abraço-te num vórtice
Minaz, de ponta a ponta...
(aponta)

Abre-se lenta...
Como uma boceta,
A vieira secreta...
Capricho começa
Ao ardor, de querer, se continua...
Numa fincada de charrua
Rompe a centelha,
Ardente,
A fornalha vermelha...

Na ânsia,
muda-se a promessa
Fausto,
o balanço tropeça
Jorra no oculto
(Mestiça)

Afoga-se, no vulto...

* foto retirada da net

Humano



Quantas,
E quantas, vezes.
Em certas horas baças,
na escuridão,
na calada da noite,
sufocas brados,
Incertezas,
Medos!
Mínimas desgraças...
O coração porque o mordaças?
Porque trazes os outros enganados?
A paixão não se jogas aos dados...
Pode trair-te na ilusão que traças.
Que te importa a verdade dos porquês,
Se te andas a iludir no que és...


* foto retirada da net

Quatro...



Este meu prazer,
No querer (tudo) arrasar!

Duvida crua , no sentar...
Ansia a indigar...
Analisar de,
Negar de,
Propor de,
Imaginar... O aço!
Fecundo a trilhar...
Vermelho estilhaço,
No meu sentar...

Reverdeço,
Reverdeço-me,
Alta, arrogante
Dor do (re)pouso!...
Em, mim, perante...
Por ti, tudo (eu) ouso...
Não em ti obstante ... Humedeço!...
Desatino a direito ... No estreito leito...

No rosseo , de...
Quatro opresso, sem ar...
Consolo e sentar,
Sentar e consolo...

Tu, prazer e arrasar
recomeçar,
(Pele, osso no osso)
Boca tua suga,
(o pescoço)

Urze irrequieta
Caberá, (a consolação,)
Ultima,
Alactruze secreta...

* foto retirada da net

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Belo Calcado



Belo,
Do mel o favo estala...

Belo,
O teu olhar, que em nada se iguala...

Belo,
Bafo brando, que mareia as searas amarelas...

Belo
Caminho tulmutuoso das centelhas ...

Belo,
O sabor das trevas desabrochadas...

Belo
Despertar constante das rosas exaladas...

* foto retirada da net

Que Te Importam as Palavras?




Sabes,
Há momentos amargos, momentos de sufocar no silêncio, ou numa revolta.
É impura toda mudez, a voz que se cala constatemente.
Recordo-me...
Da vastidão imensa, da firmeza que teus olhos, em mim espelharam, e em toda a tua modestia, quando, mais de uma vez, com a tua frieza perversa, o teu abnegado desamparo simplesmente me derrotou e me venceu.
As noites, que sozinha passei, passadas e repassadas num enredo confuso e desesperativo, uma longa espera, uma interminavel esperança dificil.
A tua infinita mudez traçou meu destino, a mudez esse teu confidente, sempre povoado de sombras, incertezas, quiça fossem dissipadas com o meu possivel regresso...
Sempre estou aquèm de ti, sempre além...
Que te interessa?
Amor?
Talvez... Hipótese de sonho.
Há um silêncio por ti imposto e noutro eu repouso.
Silêncios dissipados, os da liberdade do teu olhar aceso...


* foto retirada da net

O Conflito



Casa vasta,
afogada,
bafo brando da,
Vizinhança que troa,
Cada entoação aqui soa,
Provocão!...
(minha)

Na ponta aguda duma navalha,
a lingua delas, talha,
Os meus dias
indeferentes,
a minha designação,
de eu ser,
meu perfído prazer!...

Não há o que lhes valha
morrem raizes solitárias,
no súbito rebentar,
Com espanto por igual, distraido e a atentar...


*foto retirada da net

Da Observação...



A memória ,
(tarde branda),
Se senta,
Na minha varanda...

Nela ,
Eu (poeta),
Exprimo calma,
(Em minha plena ruminação)
Sonâmbulamente,
Que cúmplice comunicação.
Em linha recta,
No lisonjo da minha mente...

Quem me escuta?
(quem me ouve, neste enleio profundo)

Tão cheio de luar...
Aqui,
ouvejo-me, confundo.
Moendo, o palavrear!...


* foto retirada da net

Erosão do Sentido




Com olhar a direito, quotidianamente vivo
Em gestos foitos...
Tudo meço,
Tudo sorvo,
Uno, metido, eu peço!...
Ânsia de indagar,
Analisar,
Revoluteo, adunca! ...
Negar!?
É aço de arrasar!...
Ardente que eu vogo,
Quando se apagará?


Frémito na coxa, neblina a trilhar-me...
Greda a latejar... Ah ... La..te...jar...

Aridez,
erguida...
Teimosa...
Desejavel...
Arqueja,
violenta...

Brusco o sopro, o vento!...
Vigoroso! ...
Maduro!...
Lá do fundo ,
... é o eco.


Àlacre, eu peco!...
Macio, o vermelho do canhão...
A ti me entrego ou em ti me atordoo...


Bisonho...
Espasmo... (dor que punja ou obside o nojo)...


* foto retirada da net

Voz Arremessada



O meu silêncio,
Quem será capaz de o entender?
Aos horizontes o abro,
E ao sol,
Este meu sonho amargo...
Não existe sombra capaz,
Não existe alguém que consiga me perverter...

Contradigo-me?
Talvez!?...
Mas a culpa,
Ah... A culpa!...
Não è somente minha!
Não sou eu que sozinha me contradigo,
È a inquietação,
Deste mundo que, à contradição me obriga!...

... e assim cai a luz do meu dia,
tudo o que em mim é,
Pura nostalgia,
Que em mim se liberta...