quinta-feira, 30 de julho de 2009

Carta II




Estreita é a linha do prazer, o mesmo prazer que só pede à vida o desejo de um amor infinito e profundo e nem no pôr do sol se perde a cor dos teus olhos...

Amar-te!

Quero-te!

Amo-te!...

Sim!

Amo-te de forma viva e quente, que a sedenta fome penetre em mim esse teu ser, todos os delírios e todos os desejos( e não quero só beijos) encher meu peito com os teus braços, (meus olhos a arder) da tua boca sangram os meus beijos, trementes, coisas, um céu de poesias puras e ardentes...

Morde-me na carne o sentimento, tua alma que incendiou a minha fera...

Morde-me toda aonde geme a minha negra pantera ...
E numa orgia flutuante bebe no meu seio este meu apaixonado sangue!

Serei tua!
Devassa e nua!...

Nos raios vaporosos, o fogo, a aurora rumorosa e repousada com teu nome escrito em clarões silenciosos...

Dados ao ar, sabias que os prazeres só são gerados na fantasia e é no imaginar que a mente humana a miragem cria, é a lei de um aspirar imenso, num foco intenso...

E não é imortal o que eu em ti adoro, o mundo é tão grande meu amor e a esta ânsia me aconselha...


Beijos desta tormentosa e somente tua paixão!


* foto retirada da net

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Carta I



Só a água geme nos buracos e as pontadas de fogo pulsam nos rostos.
Na escuridão do meu relento, branco silêncio, sem olhos onde apenas se ouve o lento trabalho do hausto que bate lá no fundo.
Existem bocas que falam por muitas outras bocas numa inocência atroz, onde habita a floresta irrefletida... põe nela a tua mão e molha, destinge o sonho a delicadeza, toda a tinta entornada.
A doçura por vezes mata e salta ás golfadas e tu sabes que o tempo tem a sua inclinação perigosa, aquela que se deita no poema e se toca, dando à pata nos remoinhos primarios para um tesão interior...
Fecho os olhos, e sinto outra coisa enorme, atráz desta há outra ainda maior, outro desejo maior, há pensares que é preciso afundar logo noutros ainda maiores...

*foto retirada de net

Carta I

Só a água geme nos buracos e as pontadas de fogo pulsam nos rostos.
Na escuridão do meu relento, branco silêncio, sem olhos onde apenas se ouve o lento trabalho do hausto que bate lá no fundo.
Existem bocas que falam por muitas outras bocas numa inocência atroz, onde habita a floresta irrefletida... põe nela a tua mão e molha, destinge o sonho a delicadeza, toda a tinta entornada.
A doçura por vezes mata e salta ás golfadas e tu sabes que o tempo tem a sua inclinação perigosa, aquela que se deita no poema e se toca, dando à pata nos remoinhos primarios para um tesão interior...
Fecho os olhos, e sinto outra coisa enorme, atráz desta há outra ainda maior, outro desejo maior, há pensares que é preciso afundar logo noutros ainda maiores...

Deitei-me num Poema

Estou deitada num poema, deitada de costas com a poesia á beira duma treva, com a boca que o emudece e com o sexo negro quieto a pensar...
Estou deitada entre os cravos rotativos do mês atravessado pelo movimento...
Mexo os dedos, mexo a boca e sinto o respirar monotono de uma língua entre os osso...
E fico deitada, somente o meu silêncio pensa...
... num pensar batem, sobem, abrem , fecham as palavras que violentamente gritam à minha volta e sobem as escadas da minha intímidade...

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Palavras são Mortalhas



Matei-me á sombra de um rochedo macilento,
Constelado espaço, à chuva e ao vento...
Enterrando-me nele com o meu tormento!
Só meu espirito ainda vive,
Num fixo inexorável pensamento...


Ao alto de uma charneca ouve-se;
A minha voz secular e aflitiva!
Meu vulto inulto que passa,
No grito da alma aqui cativa!...
Como se eu ainda fosse alguém,
Como se ainda fosse, luz de dia, vida !

Na inominada luta de ninguém!
Alma vasta que em fogo se embriaga!
Pudesse eu ainda arder no incêndio de alguém!...


* imagem retirada da net