quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Os seios dela, anelantes disseminando-me a língua. Os seios dela, gumes, em copas escancaradas, as auréolas bárbaras, na língua que tremia e o mamilo lambiam, lá onde os dois cumes eram de leite e cheios de tempestades salgadas.  A cama, em cada poro, nela, os meus órgãos cresciam e as rotações bobeavam as duplas silhuetas, juntamente, secretamente nos sexos felinos crepitando-se, aveludadas, as virilhas repletas de tinteiros e de prosas em sanha gota a gota, as duas púbis suadas. 
Nas veias, a cama, irrompe, a vertigem, trilhada, o meu endereço amante, o epicentro do equilíbrio e o desequilíbrio, à nossa volta a precipitação e a bigorna sem rosto, na cópula.
Abrindo-se em travessias, a vagina encharcando-se em palavras e poemas, linhas e núcleos, pólvoras, golfadas e lanços nadando, nadando entre águas minadas, entrando nas duplas ancas contorcendo o mundo húmido, vibrantes, vibrando, vibrando, vibrando, vibrando, entre o espaço e os dedos navegadores em debate.
Chove sob o navegar da carne, bem a meio rio, o ânus, o buraco entre os escombros, onde o delírio se abre no repente da imagem larga.
A memória bruta da seda, a imagem das suas entranhas esmagando-me.
  Seda a carne, encostada na página inteira, na escrita que se vai fixando e se vai fechando a cada onda orgástica, a cada profundo nó, as trevas, o enxofre cai nas margens, iluminando a ceifa e nós, abertas, nas espasmódicas respirações, num cais, ateando toda a memória atenta, avassalando nas frases a frase. O cio a desmoronar-se onde os buracos fervem e nos abrasando não só a Alma, mas também toda a carne hasta.

Luísa Demétrio Raposo

domingo, 26 de janeiro de 2014



estou onde a palavra húmida, cresce, um sítio estreito onde a realidade é o perturbar oscilante.

volto um dia destes,

Luísa Demétrio Raposo

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

A vogal, a murada que de seca os meus suicídios e de todos os moratos que afoguei e que continua a ser o sítio onde me sento para a continuar a escrever.

o o sangue em um molde grotesco. A curva em fusão repercutida nos ecos da carne. O instinto segreda de entre as brechas para a carne invisível. O sexo. Abro-o, no lado de dentro na haste orgânica na morada, no falo que se aparca se à encosta húmida do texto.
Calo-me. Murmurante.
O decerto é o cio viajante que absorve e alimenta todas as narrativas extenuadas em poesias, o regato largo. Nela, cabe o pénis, sozinho, o lóbulo, o golpe incessante onde a corrente exilada das artérias defrontam-se com os redemoinhos escoriados de um coito.
O meu último habitante é o diário onde escondo a língua e todo o pensar que nasso a meio. Dentro do ventre as palavras enlear-se-ão ao cair.

Decidi ficar neste monolugar onde alto se atolam todos os canos grossos de um orgasmo.
O inóspito ruir. A curva. O ruido por detrás das silhuetas. Intermináveis frentes.

 
Apedre, a peregrinação, a tinta inesgotável do iodo, a sia que sacrifica palavras mas que não corresponde ao som fundo do cílios e aboca e imagina o lado destro do corpo, o caule, o electrão, o jardim em fogo, um equiónio perímetro que na inabalável divergência golpeia e morre entre enigmáticas geometrias, quebrando o sangue em um molde grotesco. A curva em fusão repercutida nos ecos da carne. O instinto segreda de entre as brechas para a carne invisível. O sexo. Abro-o, no lado de dentro na haste orgânica na morada, no falo que se aparca se à encosta húmida do texto.

Calo-me. Murmurante.

 O decerto é o cio viajante que absorve e alimenta todas as narrativas extenuadas em poesias, o regato largo. Nela, cabe o pénis, sozinho, o lóbulo, o golpe incessante onde a corrente exilada das artérias defrontam-se com os redemoinhos escoriados de um coito.

 O meu último habitante é o diário onde escondo a língua e todo o pensar que nasso a meio. Dentro do ventre as palavras enlear-se-ão ao cair.

 

Decidi ficar neste monolugar onde alto se atolam todos os danos grossos de um orgasmo.

 

 

Luísa Demétrio Raposo, 22 de Janeiro 2014

sábado, 18 de janeiro de 2014

Nos textos que escrevo a interrogação é o branco inóspito na folha de papel que raramente me abandona.
Luisa Demétrio Raposo

"O medo é uma cinza madura que chega no devasso e que apesar da sua forca bruta nunca consegue separar dentro de nós a sombra da chama, estilhaçando-se em lume."

Luisa Demétrio Raposo, 17 de Janeiro 2014
O tinteiro rompe a página em branco costurando as palavras a um mundo perturbador onde só permaneço destinada à ausência de outros leitos.
Luisa Demétrio Raposo

No auge, o sexo enumera qual das ilhas possuirá o esperma; um lugar agachado ou um caís de certo.
Luisa Demétrio Raposo


quarta-feira, 15 de janeiro de 2014



"A dor é a longa silhueta, a ponte onde a carne suspensa caminha, isolando frases. Ela é o beco que persiste e que não deixa chegar a finitude a tudo o que escrevo, é o instante que tenho, sempre, o lado transbordante onde me sento todos os dias algumas horas à espera de um Deus que persiste em não existir, no tempo que nasce irmão do outrora onde eu era movida pelas areias de outros livros, pelo impulso invencível de sonho. Hoje é o vício de escrever em lume aberto. Aqui abro-me aos dias."

Luisa Demétrio Raposo, 15 de Janeiro 2014

Num lancinante fundo onde o caos escriba o sexo em prosas que despes ao longo de um precipício, a minha abertura interior, trémulo, concentras-te nas labaredas que ardem e nos afundam num tempo que não é de ninguém, porque a poesia é um nome largo, o grande pulso que reflecte as folhagens em brasa que gemem expelindo impulsos longos, seivas compactas, odores entre as humidades em áreas delirantes, as figuras de estilo nos baixos ventres, a vulva onde o assombro é uma única poça de água, o êxtase onde são visíveis os lábios secretos de um poema...

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

"No urdir guloso que veste a pele, a foda, em aromas impassíveis revelando nós, tramas intemporais, nas vazias de ti, lambuzando-me as humidades de entre as seivas que rasgam o silêncio sustido, revestindo os rios que nas carnes, escarlates, animais, afogam-me os veleiros onde a língua solta a noite nas malgas gelatinosas, acesas entre as tuas coxas á beira-mar escrevendo na ilha despida a embriaguez por entre as sombras.
O rumor, cúmplice, nos becos ouve o rebentar aceso da libertação inchada.
Chove sob o navegar da carne, bem ao meio do rio, no ânus, o buraco entre os escombros, onde o delírio se abre no repente da imagem larga"

Luisa Demétrio Raposo
10 de Janeiro 2014

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

"na minúcia de um minuet a boca é uma península, a salina que esbraseia a atlântida, um pomar coberto de pólenes e ígneos enxofres."

Luisa Demétrio Raposo



"O ar, devasso, engole e reúne alcateias nómadas para em mim libertar tempestades."

Luisa Demétrio Raposo
"Na riscada da água eu sou a mulher e o meu sexo é um lobo que persegue o lado de dentro da floresta escura, estrangula-me a carne, desabotoando-nos os declive, o sítio amargo onde se despenha e inclina, o mesmo onde a vírgulas imergem na desflorestação das inúmeras buscas que um corpo feminino quando caça.
A ceifa nos lábios dilata o arpão para poder saciar argilas e a desenfreada água devora os escarlates numa violência que salga todas as nocturnas ventanias."
Luisa Demétrio Raposo, 9 de Janeiro 2014

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

 
 
raramente estou sóbria, raramente estou viva, raramente habito a carne. o meu mundo revela-se a escrita de pequenos instantes

"As garras latejam tímidos invernos; os olhos lanço ao pesadelo branco da página, a bruma que enegrece as alucinações e onde o sangrar é o coração caligrafado, quiçá o meu, onde os dedos largam mares de tinta.
Sozinho, o olhar provoca o debruço foragido da tinta preta. Do outro lado a mesa a lua é a fenda migrante que espia o sexo imutável.
E eu, encontro-me nos laivos que deambulam por entre a...
certeza, alba.
Sou a única personagem desarrumada. Escrevo o vento o lodo e à saída da mata a vulva de boca aberta rebenta de humidade em pânico na cal, ancora, entaipada debaixo da muralha.
A poesia irromperá da submersa pólvora que salga-me e dilata-me os desertos embates que no meio das mãos rasgam traços.
A boca, acesa, o húmido arpão, o resfolgar da água indomável à velocidade das beiras que lá fora gritam.
A vigília aprofunda-se, na página em branco, onde não consigo acordar nem anoitecer-me."

7 de Janeiro 2014

domingo, 5 de janeiro de 2014

"Martelos de pedra que desentranham uma vontade alta. O silêncio na traqueia ateia o centro e o ascendente de todas as minhas tempestades prematuras. Arde a região e a musica é uma bala ferrando os lábios, soldando o meu corpo minado, devorando a escuridão em mim outrora morta. O sangue luminoso, pulsando entre as estrelas "

sábado, 4 de janeiro de 2014

O pénis é somente um arquipélago e ainda assim quando ereto e não
resistindo aos seus raios molhados na desordem que por ele pulsa ao entrar no aqueduto das águas maciças, penetrando entre o seu regato escarlate, a insula em loucura, fervendo nas palavras que lavram a fechada intensa, e toda a gramática que vive disso …