quarta-feira, 18 de março de 2015


O dia a cada instante, um labirinto e o volume disto ocupa-me as horas; são os ácidos passos que a incandescente vulva vomita junto ao sítio, em escrita (diz-me o interno)

Ao fundo da página, Eu, vulcão escrevo sob o olhar que o ritmo admite no cadafalso. Arde o largo grosso da prosa. Do inferno o meu mundo não é outro: o branco em fúria estrado a içar. E quanto mais escrevo mais profunda é a minha semelhança. E o lume pela guarda alastra. Imagino tantas vezes poder deixar a carne e alimentar-me somente nas palavras enquanto larvas, riscar o sangue bravio e a meio coração inteiramente a desaguar, mãos e fogo.


Luísa Demétrio Raposo