terça-feira, 29 de setembro de 2015

ao fundo do tronco,

"O mênstruo é a aparição do vermelho hemorragia que se empurra para a frente e sem receio de nenhuma derrota. Sangrar confunde o vime dos homens e o seu poder, que debruçado pondera o anunciar e largas cavalgadas ou em independência sangrar consigo - diz o esperma à mão entornada."


Luísa Demétrio Raposo


*foto, desconheço autor


 

a erecção primária


"Escrever com o olho virado pró sol e prós astros todos os outros escrevem. Na indigência escreve-se para um escuro infindável e quente a contorno da carne improvável.
 Eu escrevo explicitamente e com o sexo e de baixo para cima e dentro do olho e com escrita."
 

Luísa Demétrio Raposo

* retirado de "O Livro do Sexo Erecto"

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

oração.


Tudo o que é imenso pertencem-me em geometria. E é meu e abrasa em sequências rápidas, proporcional à fulminação que encerra, sendo o máximo responsável por todos os afetos em que eu desapareço.
Luísa Demétrio Raposo

conversa com deus


 
Tenho o sexo nas mãos e tenho-o na língua. É boca e tal como todas as bocas é canibal, mas não capturável e toda a imaginação sobre e sob, ascende e o eclodir far-se-á sempre. É rebeldia exposta à assimetria e existe em simultâneo ao excesso que por vezes coincide com os rituais. Aos espécimes que do sepulcro lambiscam palavras, façam o favor de retirar o patrão e o padrão do cimo dos meus textos.
Grata
 
Luísa Demétrio Raposo
 
* foto desconheço autor.
 


 
 
 
 
 
 

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

ORAÇÃO IX




Quero o que não vem na pele, um par de sombras no auge engomadas no silêncio dos pentelhos onde o cio entra e ausculta em chão delirante, onde afloram os sentidos e a escuridão perfura fossa o orifício a contorno da leitura que desata da imagem, e fecha-o numa só cunhada na carne que alisa para lá do ânus onde o precipício sepulta nas catacumbas o que espanca e solta na carne encostando ao intestino o orgasmo, o único Deus que sempre aparece descalço, e é no seu aparecimento que eu desapareço e só se pode desaparecer após o antes que foi ejaculado.


Luísa Demétrio Raposo





*foto Mercurial Ramblings
 

terça-feira, 22 de setembro de 2015

III

Em escrita é preciso explodir em decurso a caligrafia que narra pela página o órgão empunhado que emerge íngreme lá ao fundo, e tanto pode ser másculo ou feminil, dentro das mãos do escritor tudo é andrógeno. A escrita surge sempre do deserto, do coito entre as centenas de diálogos que guerreiam lado a lado a primitividade que ao respirar arranca vertigens aos genitais, e juntamente ao corpo escrevem.


Luísa Demétrio Raposo

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Ode à diplomacia


O que eu escrevo fode por inteiro o deus vosso. A escrita é um esperma contínuo e que nunca se me acabe esta copula e tudo é ejaculação e sobe ao alto vogante, se vai e vêm, na saliência vulnerável do bolço veemente da metáfora maiúscula, em queda violenta e que trás com ela a encastoada em galope, a lisa excitação, o estar. Quanto mais difusa é a viagem mais corta a navalha e o desejo obstinado em ser complexas e sinuosas iminências por conceber a pensante o foder, a desordem que se alterna consoante tudo o que se assombra a meio. Eu sou isto, completamente alheia à vossa exaustão e à vossa inercia, supero todos os escrivãs apenas em carne, ficando por isso difícil para vossas iminências encarnar-me e entendei que eu não vos pertenço, eu nunca vos pertencerei, quer aceitem ou não a minha passagem. Eu desapareço e vocês voltam ao nada.


Luísa Demétrio Raposo
* Fortios, Setembro 2015

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

VIII



Mijar.

Ímpio sulco mutilando o amplo sifilítico que anódina e busca-a pária ao desalinho e expande-se à estridência do que enforca ardina a poça, despenhando-se entre as pernas, alavanca o fluido subterrâneo equivalente a um alquebrado sémen.

Luísa Demétrio Raposo

VII



Aroma nos pentelhos arqueia bravo o negro e em toda a água que se lambuça aos apossados. Há o toque. Alonga-se em tradição a ponta escarlate em desenvolvimento próprio. O percurso ritma os quadris entre o lanço cru e viaja. O sacro é um cenário inclinado entre, em sítios explícitos explorando extenso o excesso exposto. O ânus forma entre as formas e forma-se lívido ajoelhando-se sobre o que se precipita. Há carne. O todo de todo o coartado entre o aperto fluido onde o tap...ume e a passagem investe toda a sua extensão. A ponta da pontaria é a sempre para o alto e do alto para a abundancia alta, e entre a boca ao alto e o sexo não existem intervalos, somente empurra e tudo ao alto imagina funduras entre e expele-se a travessia sobre excitação e deita-se a iris ao que fica estendido.

Luísa Demétrio Raposo

* 2014