quarta-feira, 18 de novembro de 2015

O Jardim Separado {em reedição

No jardim separado as carnes nos ulmos das seivas faíscam, correm contra os bosques, contra a febre monstruosa, a que lavra íntima, o foder, que referve o meu desnudo sentir. Os actos abismam-se de dentro do seu próprio cheio maiúsculo, as carnes trémulas o libertam à espera de palato, da língua, da boca atenta, sugam-se as carnes ora pelas costas ora pela ponta dos orifícios e lambem-se os alvoroços abertamente escuros na defloração das inúmeras bocas que um corpo feminino possui.


Possuem extinção, as curvas que afastam e deflagram fogo, alastrando-o para lá o limite que desequilibra a ordem viva do sangue, agarram-se vivas. Entre o gozo. Entre a flora ininterrupta das larvas lanhas em eclosão. A dor serpente percorre dentro da lagoa negra, estrangulando a carne, desabotoando todos os sítios nus, arrancados ao odor intimo, em declive onde o amargo se despenha e inclina, o mesmo amargo onde as vírgulas imergem na desfloração das inúmeras bocas que um corpo feminino possui.



Luísa Demétrio Raposo




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