terça-feira, 29 de março de 2016

pássaro em acto

O homem urina em pé contra a parede. Urina contra e de encontra as latrinas provocando um derramamento, a transmissão de tinta e outros pigmentos aonde pertence, e está escondida a grande dimensão em jaula.
As calças de um homem entre a multidão são um rapto, e vai-se lá saber, a coisa está viva. Hirta. E eis por detrás o animal. A captura. Agora, imagina-o, a desempenhar o papel de Deus sobre o instinto. A lamber na vulva gotículas viscosas feitas à mão. A nadar em novidad
e e a coberto pelas ondas que marinham a lama que do ventre escorre. A fornicar de entre a tinta implacável que desrata interminável pássaro em acto, o tudo em tudo em quantidades e assimetrias. A fornicar entre as axilas o ópio, verdejantes campos verdes em chamas, a tormenta e milhares de milhões de criaturas que me são invisíveis, a biologia em zona calva praguejando em albugínea.


Luísa Demétrio Raposo


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